"E você vem, mas sei que é passageiro pois você sempre volta pra ela. Quem sempre volta sozinha pra casa sou eu."
Acordei com a luz do sol entrando pela fresta da janela e batendo bem em meu rosto. "Merda, alguém pode desligar o Sol, por favor? Quero voltar a dormir". Acordei com a cabeça doendo, com as pernas bambas e com o coração... Bem, eu não sei aonde está meu coração. Talvez ali naquele canto do quarto ou talvez esteja sendo usado como brinquedo por alguém, por aí. Me levanto e vou até o jardim dos fundos. Ainda estou de pijama mas não me importo. Passo por todos sem dar bom dia e ninguém também faz o esforço de me perguntar o que é que está acontecendo pra eu estar com a cara toda borrada de maquiagem da noite passada e estar cambaleando. Abro a porta e me jogo na grama cinza do jardim. O ar cheira a poluição e as nuvens estão negras. Fecho os olhos e por um momento, posso materializar você deitado ao meu lado, na grama. Posso sentir seu cheiro de colônia barata e suor e posso sentir o seu hálito que cheira a sono. Abro os olhos e como eu já sabia, você não está lá. As nuvens ficam cada vez mais cinzas e um raio anuncia que a chuva logo virá. Fico olhando o céu e tentando dar formas as nuvens negras.
Não consigo achar nenhuma forma.
Fico imaginando o que você faria se me visse agora, com essa camiseta surrada e esse shorts velho e cheio de manchas, com esse meu cabelo desbotado e cheio de cachos selvagens que não conseguem ser domados e com esse meu rosto com maquiagem velha e borrada.
"Ele não te ama mais, bobinha!".
Sempre me esqueço disso... As gotas começam a cair do céu e elas se misturam com as gotas quentes que saem dos meu olhos. "Estou vazando!", penso eu mas longo penso e refaço minha frase: "Estou vazando sim. Vazando amor."
Na sintonia de: Adele - Set Fire to the Rain ♪
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