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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Sozinha, molhada e no meio da rua.



      O relógio mostrava meia-noite em ponto. Ironicamente, eu me lembrei que o encanto da Cinderela acabava naquela hora. Deve ser por isso que eu estou aqui no meio da rua, tomando essa chuva torrencial e com o cabelo já crespo e com o formato de juba de leão. A diferença entre mim e a Cinderela, é que a Cinderela é bem mais bonita e tem um cabelo muito bonito e brilhan... Ok, parei. Eu percebi que ela é um desenho e que nos desenhos os macacos poder parir crianças - pelo menos nos da Disney.
       O vento gelado batia em minhas pernas descobertas e me fez abraçar eu mesma. Me sentei em um banco e tirei o espelho da bolsa. Olhei meu reflexo nele e vi uma menina loura com a maquiagem totalmente borrada. Se eu não me conhecesse, eu acharia que a própria loura burra estava presente - acho que é por isso que todos que passavam na rua me olhavam descaradamente e ficavam com a expressão de espanto, ainda mais por que era noite. Até agora, eu não sei o por quê de eu estar aqui, sozinha, feia e...na chuva . Eu só estava a caminho de uma festa pensando na vida e a chuva começou, ela me acolheu.
         Uma freira passou em minha frente e sussurou "Deus tenha piedade dessa jovem! Tão jovem e tão bêbada...". Ei, eu não pareço uma bêbada... pareço?
       Eu não quero sair daqui. Já me acostumei com as gotas da chuva atingindo todo o meu corpo. Já me acostumei com o frio que elas trazem quando elas deslizam delicadamente em meu corpo. Aqui, eu posso pensar em paz - mesmo com essas pessoas todas me olhando. Mas, como todo adulto precisa ser responsável um dia, está na hora de eu ser responsável. Me levantei e cambaleando com os sapatos nas mãos, sai em direção a algum lugar, ou melhor, para qualquer lugar.


Na sintonia de: Chão de Giz - Zé Ramalho ♪

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