Pandora.

Quarta- feira, 10 de Julho de 2009

Ela tinha os olhos mais bonitos que se pode imaginar. Olhos misteriosos, âmbares. O cabelo negro como a meia-noite, descia-lhe até a cintura em formosos cachos. A pele dela era branca como a neve e branda. A voz se assemelhava a sinos tocando de tão calma e agradável que ela era. Tudo nela era convidativo. O cheiro, o sorriso e até o jeito como ela se movia. Mas havia algo estranho em Pandora. O jeito como ela se esquivava do menor indício de um raio de sol, o jeito como os olhos dela vivem mudando de cor, de âmbares à pretos, e de pretos podendo chegar ao vermelho claro e o jeito como ela evitava as pessoas sem ser grossa, ela apenas, se afastava.

    Ela é tão estranha e misteriosa, mas tudo aquilo me seduzia. Eu precisava de Pandora.

Quinta-feira, 11 de Julho de 2009

 Pandora me olhou a aula inteira e sorria timidamente para mim. O cheiro dela infestava a sala e me fazia pensar que, aquele cheiro era único! Nunca na minha vida eu havia sentido o cheiro de tal coisa. Era uma mistura de damas-da-noite com um toque de baunilha e outras flores selvagens. Aquele cheiro penetrava em minha cabeça desviando toda a minha atenção.
        O sinal da escola tocou anunciando o fim das aulas. Em um pulo, levantei-me da carteira com a idéia de sair dali o mais rápido possível. Como eu podia querer tanto Pandora? Isso era possível? E com a idéia de chegar mais rápido em casa, peguei um atalho por um parque abandonado. De longe, avistei alguém de costas e quando fui chegando mais perto, reparei no imenso cabelo encaracolado e negro que a pessoa tinha. Reconheci que era Pandora. Com um enorme sorriso no rosto, chamei-a pelo nome. Ela se virou. O sorriso, rapidamente deixou o meu semblante. Pandora tinha sangue em sua boca.
        O sangue escorria-lhe pelo queixo. Em suas mãos, havia um cachorrinho que agonizava sem parar. Os olhos dela estavam vermelhos vivos. Ela sorriu e eu vi os seus caninos salientes. Por medo, eu fiquei paralisado. Ela me atacou.

To be continued...