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terça-feira, 20 de março de 2012

Beija minha boca até me matar e distribui teu veneno na minha corrente sanguínea.


"Tão bom é morrer de amor e continuar vivendo..."

 Ele tirou uma mecha de cabelo dos meus olhos e eu o olhei. Ele havia mudado, com certeza. Um pouco mais alto e mais frio e sua barba estava por fazer.
  Ele me beijou mas seu beijo além de distante tinha o gosto de outras bocas, outros lábios que não eram os meus. Deitei minha cabeça em seu ombro e no colarinho de sua camisa havia uma marca de batom vermelho quase que imperceptível.
  Batom de puta.
 "Quando foi que o amor acabou? Quando foi que nós desmoronamos?" 
 Seu cheiro havia mudado. Tudo nele havia mudado mas eu não queria aceitar isso. Nada mais nos unia. Olhei mais uma vez para ele e ele estava perdido em pensamentos. Pensando em alguém que não era eu. Eu me perguntava se um dia ele veria que eu sou tudo aquilo que ele precisa. Acho que não.
 - Eu te amo - eu disse, quebrando o silêncio.
  Não obtive resposta.
  É. Era hora de deixá-lo. Ia doer, ia sangrar mas quantas vezes eu já costurei esse meu coração? Mais uma costura não ia me matar. O amor já havia me matado faz tempo.
  Olhei bem dentro dos olhos dele e comecei a relembrar os motivos de eu amá-lo. Quando sua barba estava por fazer era muito sexy, sua cara de sono era linda, sua voz rouca me confortava e seu beijo... ah, seu beijo, esse sim me enlouquecia. E tinha o jeito que ele me envolvia com os braços, me deixava tão confiante, como se o mundo não pudesse me machucar. Mal sabia eu que o mundo não iria me machucar. Quem iria me machucar é quem me protegia desse mundo.
  Decidida, me levantei e fui embora.
  Talvez até amanhã, talvez até o outro mês, no máximo até o próximo ano. Nunca para sempre.

Na sintonia de: Doce Vampiro - Rita Lee ♪

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