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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Fácil é existir. Difícil mesmo é viver.

 

   As luzes coloriram a cidade, os fogos explodiram no céu. Tudo de ruim já havia passado. Era hora do recomeço. Do meu começo cíclico. Mais um ano começava.
   Eu tiro os sapatos de salto alto, sento em um cantinho da praia onde não há ninguém e fico vendo as pessoas se abraçarem e comemorarem a chegada de um novo ano. Muitos ali iriam se decepcionar, alguns iam ter os corações quebrados, outros iriam morrer e outros... bem, outros poderiam ser que nem eu: se entregar de corpo e alma no destino misterioso e incerto com a simples intenção de ser feliz. O que era ruim, acabou. O que não deu certo também acabou. Começou tudo de novo. É a mesma coisa que nascer de novo mas nascer já adulto. Começar do 0. Enquanto divagueio, vejo uma menininha com não muito mais de nove anos, desamarrar as fitas do cabelo escuro e amarrar no dedo. Para cada fita amarrada no dedo, ela sussurrava uma promessa. "Comer tudo o que tem no prato", "Não esquecer mais de fazer a lição de casa", "Não brigar mais com o papai e a mamãe", até que ela prometeu uma última coisa que não me sai da cabeça até hoje: "Nunca perder a minha fé na vida!"
    Não perguntei o nome da menininha  e nem sei se ela já conseguiu ou vai conseguir realizar todas suas promessas. Nunca vou esquecer da menina dos cabelos escuros e olhos mais escuros ainda prometendo uma coisa tão... adulta.  Aquela última promessa feita por ela é o que mexeu comigo. Como uma menininha tão pequena sabe das dores que a vida proporciona? Ela, tão pequena já sabia do gosto agridoce da vida? Eu não conseguia parar de pensar no que ela tinha dito e assim, levantei da areia e fui atrás dessa menina. Queria perguntar a razão de ela ter prometido tal coisa. As pessoas continuavam se abraçando e chorando mas eu conseguia passar por elas com facilidade. Depois de uns minutos andando, vejo a Menina da Promessa mexendo nos laços dos dedos. Ela me olha e por um segundo fico sem jeito. Era como se ela soubesse, apenas pelo meu olhar, da minha desconfiança sobre ter fé na vida com tantas coisas horríveis acontecendo no dia-a-dia. Ela sorri e acena. Não me mexo e me desligo do mundo pensando no quanto a Menina da Promessa é bonita e carismática.
  Ela parece uma alma velha e sábia presa em uma criança.
   Meus devaneios acabam quando ouço a mãe da Menina da Promessa chamá-la pelo nome. E aí que tudo se encaixa. Principalmente a promessa.
    - Esperança, vamos embora!


Na sintonia de: Without You - Lana Del Rey ♪

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