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terça-feira, 23 de abril de 2013

Tudo vale a pena se a alma não é pequena, certo?

   


      O tempo parecia desacelerar, a alma parecia encolher, a vida parecia se esvair. Tudo estava diferente. Tudo estava igual mas ao mesmo tempo tudo estava diferente...
      Maura prendeu o cabelo azul recém-pintado em um rabo-de-cavalo mal feito e ficou encarando seu reflexo no espelho sujo. Os olhos eram de cor de rato, segundo as meninas maldosas da escola, o nariz era simples e a boca era grossa e nada atraente. Mas não era isso que Maura queria perceber em si mesma. Ela queria ver outra coisa. Ela queria ver se a alma. Isso mesmo. Maura sempre se perguntara o que é alma, onde ela fica e se ela tem cor, cheio e tamanho. Sempre que perguntava sobre alma para alguém, a pessoa a olhava de um jeito estranho, arregalava os olhos e se no caso fosse a sua avó, pedia para ela dar uma andada pois seu cérebro está sem oxigênio. Depois do que parecia ser uma eternidade, Maura percebeu que não dá para ver a alma.
           Maura sentou no piso frio do banheiro e chorou. Chorou pois não sabia se ela tinha alma.
           A torneira pingava, as lágrimas continuavam rolando e a perguntava continuava solta no ar, cutucando a mente de Maura e a incomodando assim como um grande elefante branco. Mas espera aí: se o corpo morre, apodrece e desaparece, a mesma coisa acontece com a alma? Seria o cotidiano um "encolhedor" de almas? Encolhedor no sentido de matar a Dona Alma, a deixando mais fraca, a fazendo desaparecer e a matando lentamente. Então, cada vez que uma parte de sua alma morria, ela sentia como se um grande vazio a rasgasse de fora a fora. A alma é reduzida a nada e morre antes que o corpo. Apodrece porém continua presa ao corpo, esperando apenas o corpo falecer. Maura queria salvar sua alma e iria fazer isso mesmo.
           Em meio a tanto choro, Maura nem percebeu que a porta se abrira e alguém entrara. Maura nem teve tempo de ver quem era porém se entregou ao abraço caloroso a cheio de amor da pessoa que adentrara abruptamente aquele banheiro. Às vezes é preciso que alguém lhe dê um abraço e te sacuda dizendo: "Ei, você quer parar com isso, por favor?"


         

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